Decidi contar neste post 3 experiências incríveis que tive em Nova York nessa última viagem, todas elas tem a ver com o universo dos produtores locais, alimentos orgânicos e a esse movimento de pensarmos mais sobre de onde vem nossa comida.
_A primeira foi uma visita à Brooklyn Grange Farm, uma fazenda urbana no topo de um prédio industrial no Brooklyn.
_A segunda foram os diversos passeios que fiz pelas barracas do Union Square Market, um dos melhores, mais importantes e mais lindos Farmer’s Market (feira de produtores) da cidade.
_E o terceiro uma aula de culinária chamada Greenmarket Cooking, onde visitamos um mercado com um chef professor para comprar ingredientes e conversar com os produtores, e depois levar tudo para a cozinha da escola e elaborar um cardápio completo com o que havíamos escolhido.
Este é um projeto maravilhoso, e uma das coisas mais inusitadas, interessantes e bonitas que eu vi na cidade. Uma fazenda urbana, no meio do bairro do Brooklyn, que produz de tudo. Ela pode até parecer uma ONG ou um projeto meio voluntário, mas não é, a Brooklyn Grange é uma empresa de verdade, que produz, vende e dá lucro.
A ideia dos fundadores foi aproveitar espaços inocupados, produzindo alimentos orgânicos de qualidade, o que trás vários benefícios para a cidade e o meio ambiente. Além de trazer mais verde para a cidade, a fazenda ajuda a manter a população de abelhas e insetos que é sempre importante, ela diminui a quantidade de água da chuva que escoa pelo esgoto e, servindo os restaurantes da própria cidade, ela diminui a distância entre a fazenda e a mesa (farm-to-table) em no máximo alguns kilômetros, eliminando todo o gasto e a poluição que vem do transporte dos alimentos.
Fora tudo isso, a Brooklyn Grande ainda recebe turmas de crianças de escolas da cidade todos os dias para ensinar para eles, que nasceram e cresceram na cidade, como funciona uma fazenda e de onde vem os alimentos que eles comem. E também aluga o espaço para eventos e casamentos (!!!). Nada mal casar numa fazenda no meio do Brooklyn com essa vista para Manhattan.
Union Square Market
Esse é um dos inúmeros mercados de Nova York, existe uma infinidade deles, acontecendo em todos os bairros, todos os dias. Mercados como este são chamados de Farmer’s Market, ou Mercado de Fazendeiros/Produtores. O movimento dos alimentos orgânicos é cada vez maior nos Estados Unidos, e em Nova York imagino que seja um dos lugares que ele é mais forte.
Cada barraquinha é de uma fazenda diferente, e quem está lá vendendo, na maioria dos casos, é o próprio produtor, ou alguém que trabalha na fazenda. Isso deixa tudo muito mais interessante, já que você pode parar em cada uma e conversar sobre os produtos, sobre a fazenda, tirar dúvidas e trocar receitas, e todo mundo parece que está sempre de bom humor e disposto à conversar muito. Diferente das feiras livres que temos aqui, que na maioria dos casos não sabemos de onde vem os produtos ou qual a diferença entre eles (já que a maioria vem do ceasa e o feirante não tem contato com o produtor), lá cada barraca é bem específica, e vende os produtos de uma só fazenda.
Além de tudo isso, praticamente todas as barracas dos principais mercados de produtores que visitei vendiam produtos orgânicos. Quase todos os produtores eram de fazendas da região, não longe da cidade, o que faz com o que o transporte também seja menor e por isso menos poluente. Dá pra notar muito a importância da estação ou ‘época’ dos alimentos que estão sendo oferecidos. Acho esse respeito ao tempo da natureza lindo, e faz pensar muito sobre o jeito que consumimos os alimentos e produtos por aqui.
Tribeca Greenmarket – ICE’s Greenmarket Cooking
ICE, ou Institute of Culinary Education, é uma das escolas de cozinha e gastronomia mais conhecidas da cidade. Com vários cursos longos de formação e uma infinidade de cursos rápidos recreacionais, para quem não é profissional, como o meu caso. É a segunda vez que faço um curso lá, mas dessa vez tentei procurar os mais interessantes, e achei esse incrível.
O curso começar com uma visita ao Tribeca Greenmarket, um mercado de produtores pequeno, com uma dúzia de barracas e produtores, seguido de uma aula de cozinha. Encontramos o chef professor no próprio mercado e com ele fomos passando de barraca em barraca conversando com todos os produtores e ouvindo tudo o que eles tinham para falar das suas fazendas e dos produtos que eles estavam vendendo, e como usá-los da melhor maneira. Desde a barraca especializada em tomates Heirloom, até o que vendia apenas carne de pato, o que vendia apenas queijo de cabra, o de frutos do mar, o de hortaliças, o de frutas, e por aí vai. Depois do passeio o professor distribuiu dinheiro para a turma comprar o que estivesse afim de cozinhar, o que tivesse interessado ou chamado a atenção. Com as sacolas de produtos nas mãos fomos até a escola, onde juntos decidimos qual seria o cardápio que iríamos preparar no dia.
Além de todas as técnicas e pratos que aprendi, a experiência de ir até o mercado como forma de inspiração foi incrível. Eu costumo fazer um pouco isso quando vou na feira aqui em São Paulo, fico dando voltas e voltas pensando o que eu poderia inventar e preparar com que está sendo vendido. Mas a diferença é que como lá as barracas são mais especializadas e a oferta muda muito cada dia, é uma experiência muito diferente, você tem menos opções porém todas mais relevantes e interessantes, e isso deixa esse exercício mais complexo e consequentemente a recompensa (o prato) depois é muito maior.
30 de outubro de 2015 at 14:31
Que show de fotos. Chocada!
Linda viagem, Dalbó.
bj
2 de novembro de 2015 at 22:14
Já tinha visto em um programa culinário essa fazenda no Brooklyn. Eu acho a ideia sensacional! Gostaria de fazer uma aqui no Rio, quem sabe um dia. Tenho muita vontade de conhecer uma feira como essa que você foi e a feira aqui do Rio também é diferente, bem parecida com a de São Paulo.
https://oladobeldavida.wordpress.com/
3 de novembro de 2015 at 20:57
Oi Bel. A fazenda é realmente impressionante. E seria muito legal uma iniciativa dessas por aqui. Quem sabe um dia. Beijos, Angelo 😉